Compositor: Hugo Alejandro Garnica
Eu sou da sua madeira
Filho do seu couro
Sou o esquecido
Do cofre do tempo
Aquele que permaneceu de pé
Enfrentando você
Sou flor operária
Selvagem de espuma
Quando o trem parte
Eu olho, nos trilhos, a Lua
Pensando: Talvez
Minha cidade encontre fortuna
Meu pulmão se inflou
Quando distribuíram
Não se lembram de mim
Dizem que nunca me viram
Que eu não sou daqui
Que eu já não tenho remédio
Eu sou o esquecido
O mesmo que um dia
Ficou de pé
Engolindo terra e saliva
Caminho em direção ao Sol
Para curar as feridas
Eu sou uma ferida
Em busca do salário
Professores de pé
Cuidando de filhotes brancos
Que amadurecerão
Iluminando esta terra
Eu sou aquele que ficou
No meio dos ranchos
Órfão do destino
Comendo mate e ensopado inventado
Fome e rebelião
Cresceram em minhas mãos
Não quero a mais
Quero o que é meu
Ao martelo torcido
Quero dobrar o destino
Levanta, covarde
Porque aqui canta um argentino
Eu sou o esquecido
O mesmo que um dia
Ficou de pé
Engolindo terra e saliva
Caminho em direção ao Sol
Para curar as feridas